sábado, 14 de janeiro de 2012

Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?


PUBLICADO POR WILLIAM MAZZA EM 23/10/2011
Essa frase é instigante, pois revela claramente que por alguns instantes e sob dor insuportável o próprio Jesus pensou ter sido abandonado pelo Pai na agonia da cruz. Não tenho dúvidas de que esse sentimento assola o coração de muitas e muitas pessoas mundo a fora. Mas será que é fato mesmo? Teria Deus nos abandonado? Permita-me expor minha opinião.
Sinceramente, não consigo acreditar que Deus encaminhou seu próprio filho para a cruz. Do mesmo jeito como não entendo que foi Ele quem optou por colocar Daniel na cova dos leões, nem mesmo planejou o exílio de José no Egito para salvar seu povo da fome, entre vários outros exemplos. Em minha opinião, Deus transforma o mal em bem. A maldade planejada contra alguém é revertida em bem. Voltando à cruz, os interesses da liderança judaica aliada à crueldade romana levaram o messias a morrer do modo cruel como conhecemos. Dependendo da época, poderia ter sofrido morte tão ou mais cruel, praticada por povos brutais como os assírios, por exemplo, que empalavam (procure no dicionário o que é, caso não saiba) seus inimigos. O Senhor permitiu que a cruz fosse aplicada contra seu filho, mas não imagino a hipótese de que queria isso de fato. Ele, porém, converteu a barbaridade da crucificação no esplendor da ressurreição.
Pensando na mesma linha, tenho convicção de que não foi Deus que imputou leucemia no filho de ninguém, que provocou a ruptura de um casamento, que fez o sistema de freios de um ônibus falhar e causar uma tragédia, que soprou neblina para causar engavetamento, que mandou tsunami para disciplinar a nação japonesa, que castiga a África com tamanha miséria, que enviou a peste negra para dizimar a Europa no século XIV, que enviou Átila – o huno – como flagelo ao Império Romano, nem coisas do tipo. Todas essas infelicidades, tragédias e ganâncias fazem parte do mundo e da mente do ser humano. A carta aos romanos exemplifica essa questão: “sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora” (Rm 8:22). Como já disse em outros posts, uma coisa é certa na vida, quem não sofreu ainda, certamente sofrerá.
Mesmo assim, o próprio apóstolo Paulo, no mesmo texto citado, nos dá orientação necessária para encararmos a realidade: “tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada” (Rm 8:18). Tudo depende da maneira como encaramos a vida. Se formos infantis, pensaremos em ser felizes, ricos, bonitos e bem sucedidos. Essa é a glória do “mundo de Caras”. O mundo real, entretanto, é bem diferente. A vida é dura! Por mais que a ciência avance, continuarão a existir doenças letais e tragédias que nos levarão embora juntamente com nossos queridos. Por isso, nossa perspectiva não pode de jeito nenhum ficar limitada apenas a essa existência. Afinal, “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens” (I Cor 15:19). Nós, que cremos na ressurreição do corpo, sabemos que Jesus derrotou a morte definitivamente, e que ela não poderá nos afastar do amor de Deus. Morte – para o cristão – é sinônimo de presença eterna com Cristo, e isso não pode ser ruim, não é mesmo?
É óbvio que não aconselho ninguém argumentar dessa forma com alguém sofrendo uma perda irreparável, mas no longo prazo, após o tempo utilizar seu poder de anestesiar, qualquer pessoa pode concluir que não há garantia nenhuma de que tudo acontecerá como nos filmes de Hollywood: o mocinho nem sempre se sairá bem no final; o casal não viverá feliz para sempre; o mal não será extirpado e nem todo que se esforçar ficará rico. Não que essas coisas sejam impossíveis, mas estatisticamente falando, a probabilidade de ocorrerem é baixíssima. Ninguém pode viver de ilusão, e se não estivermos preparados para lidar com notícias ruins, é bom começarmos a pensar a respeito. Você está empregado? Tem sua casa? Ninguém na família está doente? Levante a mão aos céus e agradeça, pois você é um afortunado! Existem bilhões de pessoas que não tem água potável, saneamento básico, nem muito menos um prato de comida para oferecer à família. Como diria a canção: “é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã”, pois não sabemos por quanto tempo teremos o privilégio da companhia daqueles que amamos, gozando perfeita saúde.
Concluo dizendo que Deus não nos abandonou! A Bíblia nos informa as cenas dos próximos capítulos. O final da história – próximo, espero! – é o retorno de Cristo para levar seu povo consigo para a Jerusalém celestial, onde não haverá mais dor e nossas lágrimas serão enxugadas para sempre! Esse é o objetivo final. Infelizmente, para chegar lá, as perspectivas não são as mais otimistas possíveis. O mundo continuará gemendo, e a morte física continuará tragando a humanidade como redemoinho, mas por tempo limitado. Tudo que ocorre é parte integrante da trama universal que culminará no dia da glória de Cristo! Enquanto isso, só podemos observar tudo e pedir uma coisa: Maranata! Ora vem Senhor Jesus!
William Mazza é engenheiro, cristão e colaborador do BereiaBlog
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